terça-feira, 22 de novembro de 2011

De PJ para PJ - Parte 1 - Peculiaridade e Personalidade


Sejam bem vindos, Nobres Aventureiros!

Inspirado pelos ótimos textos do nosso Lobo Alan, resolvi fazer essa coluna com dicas de jogador para jogador.

Até hoje, tenho peso na consciência da vez que fui auxiliar na criação do primeiro personagem do Frodolipe, um dos mais novos membros dos Arcanos. Jogávamos D&D 4a edição e fiquei incubido de ajudar na criação da ficha e idéias de um anão clérigo. Passei a noite inteira conversando sobre os powers, feats e habilidades... Expliquei com detalhes o que ele poderia fazer e como ele "deveria" se comportar em combate.
Na manhã seguinte, acordei espantado com o que aconteceu, não falamos NADA sobre a personalidade do clérigo. Não falei sobre os deuses anões, sobre a cultura, história, personalidade.. Absolutamente nada! Bem eu! Que reclamo de jogadores apelões, de combos e trejeitos demasiadamente clichés... No mesmo dia, criei um e-mail gigantesco me desculpando e relatando todos os deuses menores, questões culturais, lendas e idéias para a criação da personalidade do mesmo.


Essa dependência pela criação de personagens mecanicamente fortes é facilmente visualizada em fóruns e comunidades dos sistemas atuais de RPG. Dê uma verificada a quantidade de posts sobre builds e dúvidas de regras, compare os resultados com discussões da história dos mundos, criação da psiqué dos personagens, deuses e afins... Isso é uma lástima! Ninguém mais se preocupa com a caracterização e humanização daqueles que serão seus amigos-eternos, a maioria quer saber apenas seu papel no combate e quanto de dano por segundo ele conseguirá dar.

De alguns anos para cá, mudei o modo de como crio o personagem, relatarei primeiramente o meu processo de pensamento nos meus primeiros anos da vida de RPGista.

1) Que classe eu quero jogar?
2) Decidida a classe, verificava as melhores habilidades e feats. Escolhia categoricamente a dedo e cálculo.
3) Escolhia a melhor arma e os itens over-powers escondidos nos parágrafos do livro do jogador.
4) Finalmente, criava uma história de como eu teria esses itens e porque eu estava aonde deveria estar.


Hoje, é completamente diferente, explicarei passo a passo a forma com que acho mais correta:
1) Que estilo de personagem quero jogar?

Nesse momento, analiso meus últimos personagens. Gosto de tentar criar algo diferente para ter experiências novas. Cogito então se quero um personagem brincalhão ou sério, justo ou caótico, bom ou mal.. Como que ele vai lutar? De longe ou de perto? Será alguém experiente ou inocente? Impulsivo ou pensativo? Sociável ou Ogro? Motivo de chacota ou líder?
-- Isso é tudo uma questão de gosto, mas tenho comigo que cada personagem deve ser diferente, pois não é fácil fugir do comum e do que você é... A única forma para diferenciá-lo de você mesmo, é ter essas questões bem resolvidas... Deve-se anotar tudo isso, para em momentos de pressão, decidires como o seu personagem decidiria e não como VOCÊ decidiria.

2) Conheça o cenário.
- É bem importante conheçer a região onde seu personagem irá viver. Analise as possibilidades, os deuses e as cidades. Saiba do que se trata para complementar o conceito antes de decidir classe, raça e outros aspectos.

3) Verificar a classe e raça em conjunto com a personalidade.
- Por exemplo, se eu quiser um líder brincalhão, caótico, que fica mais distante do combate e é impulsivo e social, tento encaixar todas essas questões em algo que pode suprir todos esse detalhes. Com isso, já ignoraria Elfos, Paladinos e Bárbaros... Começo analisar tudo o que eu poderia ser, um bardo, arqueiro, ladino e clérigo seriam talvez minhas melhores opções.
-- Finalmente, com uma lista de possibilidades, depois de muito pensar, encontra-se o que realmente desejas.

4) Conseguir enxergar seu personagem.
- É extremamente importante você conseguir visualizar seu personagem. Ter a concepção perfeita das características físicas, ajudará bastante em todos os próximos passos.
-- Obviamente, não estou falando em desenhá-lo (se bem que imagens da internet normalmente podem te auxiliar muito), o mais importante é conseguir enxergá-lo em 360º quando fechar os olhos.


5) Criar peculiaridades, defeito ou perturbações.
- Verifique que todos os passos até agora são feitos antes de tocar em uma ficha ou escrever uma história! Nesse momento, deve-se desenvolver detalhes para humanizar seu personagem.
-- Peculiaridades são manias que não prejudicam seu personagem, por exemplo: Lavar as mãos depois de uma batalha, estalar seu corpo em momentos tensos, meditar todos os dias antes de dormir e ao acordar, TOC de piscar os olhos, ser levemente gago, gostar de cebola, ter bafo de cachaça mesmo quando não bebe, pensar que os deuses estão sempre ao seu lado, não falar em combate, não gostar de botas, odiar gnomos, odiar os reis, etc, etc... Há uma gama de possibilidades infinitas. No meu caso, sempre escolho ao menos 3 peculiaridades. São esses detalhes que fazem seu personagem ser único.
-- Defeitos ou perturbações: Diversos sistemas de jogos possuem defeitos e perturbações para você se basear... Já vou avisando, evite AMNÉSIA! Essa é a perturbação mais clássica da criação de personagens em mundos fantásticos. Utilize essa perturbação apenas para preencher lacunas do tempo ou dar ideias para o seu Mestre, de qualquer forma, ela não pode contar como um desses defeitos por não trazer consigo um problema que realmente te afetará. Alguns exemplos de bons defeitos e personalidades: Dupla Personalidade, fobia, caolho, glutão, presença sinista, mudo, megalomaníaco, mentiroso compulsivo, tomar sangue de suas vítimas, ter constante dor nas costas, ter pesadelos e insônia, ser sonâmbulo, ter um inimigo poderoso, e por aí vai...

6) História e ficha serem feitas em conjuto.
- Finalmente está na hora de imprimir uma ficha... Todavia, os aspectos da sua história devem estar inseridos na ficha e vice-versa! Pense em um trabalho, em conhecimentos, em que estilo de magia você utiliza, quais armas, dentre outros diversos fatores. Tudo tem que se encaixar, não pode faltar habilidades e nem sobrar.

7) Objetivo a curto prazo e a longo prazo.
- Essa é uma questão para você pensar um pouco mais como seu personagem. Após criada a história, deve-se entender quais os objetivos daquele ser que está na sua frente. Todos possuem objetivos na vida e o seu personagem também deve ter. Evitem motivos de vingança e pais mortos por Trolls! Um Exemplo: Objetivo no Curto Prazo - conseguir diversas peças de ouro para comprar um barco. Objetivo no Longo Prazo: ser o líder dos piratas do portão ocidental.

8) Retoques finais: Fale com seu mestre, reanalise tudo e crie mais!
- Veja o que você criou e dê pontos finais em todas as questões. Complemente sua história e ficha, pense como ele se comportará em situações simples, tente entender seus planos e sua personalidade. Também é interessante criar histórias de personagens coadjuvantes, isso lhe ajudará na compreensão dos objetivos. Se fores um bardo, faça uma lista de títulos de músicas, se fores um bárbaro, crie gritos de guerra! Nunca podes pensar que seu personagem está pronto, sempre há mais para desenvolver.

Bem, acho que falei demais! Nos próximos episódios dessa coluna, vou tentar desenvolver melhor cada um dos 8 passos.

Obrigado pela atenção e desculpem o transtorno!

Que a criatividade esteja com você.

5 comentários:

  1. Acho só que exagerei um pouco no tamanho do texto.... Duvido que alguém vai ler até o final.. Kkkk

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  2. Motivo de discussão #1 de RPGistas: alinhamentos.
    Motivo de discussão #2 de RPGistas: o que são peculiaridades e o que são defeitos.

    Não concordo com alguns aí! Tema para Arcanocast? Hmmm...

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  3. Eu acho que não é necessário relatar exatamente o que é peculiaridade, defeito e perturbação. O objetivo é escolher algumas coisas que encaixariam com o que desejas para o personagem.

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  4. Com certeza criação de personagens é um tema para arcanocast!

    Mas o problema é que cada um tem seu próprio modo de criar personagens, pois criatividade é uma coisa complexa!

    Eu por exemplo preciso estar um pouco restrito, pois um dos meus problemas é a dificuldade de me decidir... Logo, muitas vezes começo com a classe já determinada.

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